Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

A melhor nora do mundo

Publicado em 7 de novembro de 2023

A jornalista apaixonada por fotojornalismo, Nelsina Vitorino, postou nas redes sociais fotos em comemoração ao aniversário da sogra, o que eu curti com muito prazer e alegria. “A melhor nora do mundo”, legendei. “Mas não és tu não, Nel. É Joaninha mesmo!”, esclareci. Ela, lógico, entendeu a brincadeira e entrou no clima com uma dezena de “KKKK’s”. “Eu também sou top”, encerrou, o que eu endosso.

A brincadeira justifica-se pela veracidade de a sogra da fotojornalista ser Joana D’arc Cabral da Silva, viúva de um tio meu, mãe, portanto, do primo Humberto, seu marido. Nem estava lembrado, mas Joaninha é mais um motivo da minha Oktoberfest, pois aniversaria nos últimos dias de outubro.

Neto primogênito da família Araújo da Silva, sempre testemunhei o xodó recíproco entre minha avó, Dona Sinhá, e a mulher do tio Don Don, a quem eu tenho a plena liberdade de dispensar qualquer formalidade de tratamento, não obstante ela chegar à idade de minha mãe, chamando-a apenas Joaninha.

A relação de Mãe Sinhá e Joaninha é de uma beleza esplêndida e admirável, que supera, em alguns casos, a de mãe e filha. Sogra e nora conviveram bem mais tempo do que marido e mulher. A função de caminhoneiro do tio contribuiu para isso, mas a reciprocidade de ambas justifica a longevidade dessa convivência fascinante.

Ao se casarem, Joaninha e Don Don foram morar na casa rural de meus avós, permanecendo muitos anos. Quando meu tio resolveu mudar-se para a cidade, Dona Maria, como Joaninha chamava a sogra, também veio. Insólito é que minha avó, ao vivenciar a dor de perder o filho que a acolhera, continuou na companhia caseira da nora, opção esta que a fez abrir mão dos cuidados de três filhas e da hospitalidade de duas descendências masculinas.

Somando o tempo de convivência das duas – no sítio, na rua e após a morte do filho/marido – foram quase 50 anos, e só a morte as separou, quando minha avó, aos 100 anos e sete meses, tomou o seu destino eterno. Testemunho que nunca ouvi uma se queixar da outra; nem um tio ou uma tia, até mesmo minha mãe, falar nada que desabonasse a conduta da cunhada no tratamento com a sogra.

“Pode acrescentar (a Dona Joaninha) o adjetivo de melhor sogra do mundo”, pediu Nelsina, quando lhe falei da reciprocidade duradoura de sogra e nora. Concordo com a amiga, assim como acredito que a melhor sogra do mundo é a minha mãe. Se na vida de Joaninha não tivesse passado uma mulher com o nome de Maria Araújo da Silva, a Dona Maria para poucos; Dona Sinhá para muitos, e Mãe Sinhá para os primeiros netos.