Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A MALDIÇÃO DA GÊNESE HUMANA
Publicado em 25 de outubro de 2023A tragédia ora em curso no Oriente Médio – guerra entre Israel e Faixa de Gaza – merece uma reflexão sobre a evolução do ser humano e seu verdadeiro sentido (ou papel) no planeta. No primitivismo, se matavam pela falta de uma linguagem que permitisse a construção de diálogos. Diferentes culturas, costumes e crenças induziram-nos a enxergarem-se como inimigos, ameaçadores de suas existências.
O preâmbulo capaz de estabelecer confabulações, evitar conflitos beligerantes na busca de constituir a paz, não pode ser conduzido a partir do desígnio de culpados. Com toda a tecnologia desenvolvida nas últimas décadas, disponível para todo o mundo, ainda estamos longe de dominá-la e utilizá-la como instrumento do bem. Transformam-na em armas, com grande poder de destruição. O GPS é um exemplo.
Reunião da ONU ontem (24/10/2023) foi um episódio catastrófico, sinalizador do fim da diplomacia, ambiente de colóquio mantenedor da paz (relativa) desde o pós-guerra de 1945. Embaixador de Israel perdeu o controle emocional e movido pela irracionalidade radical sugeriu a renúncia imediata do Secretário Geral António Guterres, acusando-o de parcialidade em favor do Hamas, partido político que governa a faixa de Gaza, antes reconhecido e apoiado por Israel. Não é um Estado (nação) e ainda não entrou na lista do terrorismo internacional, classificado pela própria ONU.
Guterres conclamava todos para amainar a crise humanitária instalada na Faixa de Gaza, onde civis inocentes estão vivendo em condições desumanamente precárias, absolutamente semelhante aos judeus nos campos de concentração nazistas. Sem água potável, energia, alimento e combustível. Milhares morrerão em poucos dias. O descuido de Guterres foi mencionar que há 56 anos Israel dispensa aos Palestinos um tratamento de cativeiro. Esqueçam culpados, procurem salvar as vítimas.
A opinião da sociedade Israelense está totalmente dividida. A continuidade do conflito pode mudar a posição dos seus habitantes em curto prazo, com pacifistas se convertendo em maioria. Os horrores insanos da guerra atingem ambos. Uma mãe que perdeu um filho no covarde ataque do Hamas, entrevistada ontem, chorando, reconheceu que sua dor é semelhante à de uma mãe da faixa de Gaza.
O governo de Israel e seus comandantes militares repetem os mesmos erros e horrores dos alemães na invasão da Rússia. Em Leningrado, um cerco de três anos para matar todos de fome. Em Stalingrado, a máquina de moer carne. Estima-se que mais de um milhão de civis inocentes russos sucumbiram, proibidos por Stalin de deixar a cidade. Mesmo sem instrução militar, tinham que combater até o último homem.
Exatamente como na Faixa de Gaza (hoje) há 80 anos, os alemães usaram a Luftwaffe (Força Aérea Alemã) para destruir totalmente Stalingrado com pesados bombardeios. A cidade, transformada em ruínas e escombros, impediu a entrada de tropas blindadas (tanques) ou qualquer outro tipo de veículo. Os combates foram lutados homem a homem, usando até pedras e paus, para ocuparem uma rua ou quarteirão. As perdas russas eram repostas em 24 horas. Os alemães não dispunham de reforços ou reservas. Suas tropas não foram preparadas para aquele tipo de guerra.
O major general russo, Vasily Chuikov, após perder várias batalhas para os alemães, criou a tática “abraçando o inimigo”. Estabeleceu a distância máxima de seis metros do inimigo, todos escondendo-se dentro dos escombros. A manobra anulou toda estratégia alemã: bombardeios, artilharia de longo alcance, tanques e infantaria para “Limpeza” da área. Qualquer bomba, mataria ambos. Chuikov foi mais além, criou um grande grupo de atiradores de elites. A eles, destinou a tarefa de abater exclusivamente as categorias de Sargento até General. Soldados alemães sem divisas não sabiam a quem se reportar ou obedecer ordens. Oito longos meses da maior carnificina da história onde morreram mais de dois milhões de pessoas. Os alemães foram vencidos.
Não nomeando culpados, o correto é identificar erros. A eleição de Joe Biden e sua política “progressista” isolacionista é contraditória e desagregadora. Vai superar o fiasco Carter. A maior superpotência do planeta está ingovernável por falta de orçamento. Biden pede 100 bilhões para ajudar Israel, Ucrânia, e 13,7 bi para construção do muro que separa os Estados Unidos do México. Senil, esqueceu que foi seu discurso contra o muro que o elegeu. Enfim, quando o humano se tornará humano?