Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A LUTA PELA CPI DA VERDADE
Publicado em 27 de fevereiro de 2023O jovem deputado federal André Fernandes de Moura (PL-CE) – campeão de votos no seu Estado no pleito de 2022 – ganhou destaque nas redes sociais no último final de semana (24 e 25/02/2023) quando postou as assinaturas de 32 senadores, seguidos por 172 pares da Câmara dos Deputados, números suficientes de signatários para instalação da CPMI que investigará os atos de vandalismos ocorridos no dia 08.01.2023.
O Palácio do Planalto tenta abortar a ideia, com uso e apoio da velha mídia profissional, que silencia sobre o movimento dos parlamentares por recomendação do governo. A gravidade da CPMI e seus desdobramentos estão respaldadas nas denúncias preliminares feitas pelo Senador Marcos do Val, sobre o inteiro conhecimento do Ministro da Justiça Flávio Dino e do presidente Lula, informados pela ABIN e GSI com antecedência de 48 horas que ocorreria uma “quebradeira” planejada por sabotadores (pagos) já infiltrados no acampamento dos “Patriotas” em frente ao Quartel do Exército em Brasília.
Um farto material com vídeos – armazenado nas câmeras de segurança do Congresso – Palácio do Planalto e STF, estão na PF, que tem áudios de monitoramento do grupo de marginais registrando que desde as 14:30, quando já estavam dentro das sedes dos três poderes, aguardando a chegada da marcha dos manifestantes em deslocamento do setor Militar, até a esplanada dos Ministérios. Chegaram as 16:30. Tudo já estava destruído.
A expectativa da população é sobre sua instalação. Deputado André Fernandes aponta o artigo 21 do Regimento do Congresso Nacional, que determina: “uma vez requerida por 1/3 das duas Casas Legislativas, CPI tem instalação automática”. O grande obstáculo, não enxergado pelo corajoso parlamentar, são as Comissões Temáticas, cujos membros ainda não foram escolhidos. A CCJ, por exemplo, está sendo exigida pelo PT, que votou na eleição de Arthur Lira. Inevitavelmente este pedido de CPI passa pela CCJ. Arthur Lira pautou esta discussão para iniciar-se a partir de hoje (27.02.2023).
Para os céticos imediatistas, as CPI terminam sempre em pizza. Não é bem assim. Lula viveu os efeitos da CPI do “mensalão” e dos “bingos”. Quase foi arrastado por elas. Se não fosse a interferência de Sarney, teria sido derrubado por um impeachment. Na época, a oposição do Senado levou muito tempo para se mobilizar.
O líder do DEM, José Agripino Maia, defendia a tese que Lula teria que “sangrar”. ACM concordou, afinal, já tinha caído Zé Dirceu, o Superministro da Casa Civil, José Genoíno – ícone da legenda – ,João Paulo presidente da Câmara eleito com 334 votos, marca só superada agora por Arthur Lira; Pedro Cordeiro e outras “vacas sagradas” do “lulapetismo”.
O erro foi aguardarem o resultado da CPI dos Bingos e de Carlinhos Cachoeira, Valdomiro e todo o crime organizado do Rio de Janeiro. Márcio Tomaz Bastos teve que renunciar o Ministério da Justiça, para advogar no Senado um constituinte contraventor – Carlinhos Cachoeira – que ameaçava derrubar a República. Antônio Palocci, ministro da Economia, renunciou. Mas, a Globo negociou com Sarney a escalação de Franklin Martins para comandar a SECOM – Secretaria de Comunicação do Governo Federal – distribuidora de bilhões de reais em verbas publicitárias, para tirar da pauta do jornalismo o escândalo que sacudiu a Nação. Lula escapou com uma só versão: ‘não vi, não sei, nem ouvi’.
Orientado por Sarney, criou interlocução com a “cumpanheirada”, para numa entrevista, assumindo “mea-culpa” por ter escolhido e confiado em tantos – sem citar nomes – que traíram sua confiança. A grande mídia com cofres abarrotados encerrou o assunto criando roteiro para Lula. Viagens internacionais, política externa, extrapolar o Bolsa Renda, “Minha casa Minha Vida”; FIES…Limpando sua imagem, e com ajuda das velhas urnas eletrônicas, reelegendo-o em 2006. A diferença de 2003 para 2023, foi o tempo de “lua de mel” petista desfrutado ao lado da população. Assumiu em 2003 e o mensalão estourou em 2005. Agora em 2023, a CPI pode alcançá-lo em 90 dias de gestão.