Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

A insensatez das pesquisas 

Publicado em 12 de maio de 2022

Ontem (11.05.2022), a mídia eletrônica (televisiva) apresentou duas pesquisas de intenção de votos, revelando números ou índices sobre a corrida presidencial, com resultados absolutamente distintos. Em ambas, erro crasso, não corrigido desde 2014 quando se constatou que as metodologias usadas a partir dos anos cinquenta tinham se tornado anacrônicas, destinadas à lixeira do tempo, como os jornais e revistas impressos, vinil; vídeo cassete; DVD; CD…

Estes estatísticos – que coordenam estas pesquisas – doutores com formação universitária nos 70 (século passado) são completamente ignorantes diante dos novos tempos, trazidos pelos ventos dos algoritmos, desenvolvidos por super computadores. Leitura facial, processo biométrico; telefone celular que concentra todas as informações do homem do século XXI na mão, partir da facilidade de deslocamento – localizando endereços – movimentação bancária; a maior e mais eficiente enciclopédia (Google); entretenimento (música, cinema, notícias instantâneas); grupos de debates em diversas plataformas, com troca de opinião e poder de mobilização.

O Brasil tem hoje 151.345.142 eleitores aptos a votarem no pleito de outubro próximo. Como conseguir dimensionar vantagem de um candidato, identificado nas intenções de votos deste enorme contingente, utilizando como amostragem apena 2.200 pessoas, em 127 cidades? O Brasil tem 5.668 municípios, mais o Distrito Federal e Fernando de Noronha. O índice pesquisado corresponde a 0,002% do eleitorado. Isto não é pesquisa, é “cartomancia”. As chances de acertos, são as mesmas da mega-sena.

O mais grave é que “não trocaram nem as bestas, e as almajarras ainda são as mesmas”: integrantes do consórcio midiático do Sudeste, que insistem em permanecerem da UTI da informação, mesmo com diagnostico de morte cerebral e falência múltipla dos órgãos. Suas redes de televisões desertas de audiência, perdendo para o Youtube, Netflix; Instagram; Facebook; seus jornais e revistas foram trocados pelos Sites, Blogs; Twitter; WhatsApp…

Neste novo século, quem não utilizar as mais diversas ferramentas da internet está fora da galáxia. Um novo tipo de pesquisa está sendo desenvolvido com sucesso – na iniciativa privada – usada com enorme amplitude. Elas se norteiam pelo comportamento dos usuários das redes sociais. Seu perfil, sua tendencia de consumo… Se seu Smartfone estiver ligado e você falar duas vezes a palavra sapato, hotel, viagem… Quando for usá-lo, aparecerá inúmeras ofertas destes produtos. Talvez 2022 seja o último ano de vida do IPOBE, DATA e tantos outros Institutos, que perderam a credibilidade e voluntariamente se tornaram em “vilões” manipuladores da opinião pública.

Lembram-se que todos eles (unanimemente) apontavam em 2018 vitória de Fernando Haddad no primeiro turno? E quando projetavam o segundo turno com Jair Bolsonaro, ele não ganhava nem para Marina Silva? A exceção foi o Instituto Paraná, que realizou uma amostragem com 22 mil entrevistados, em todo o país, na última semana que antecedeu às eleições. Mostrou Bolsonaro no segundo turno, e à frente de Fernando Haddad.

Hoje com a campanha polarizada Bolsonaro x Lula, o que se observa é o presidente andando pelos mais distantes grotões do imenso Brasil, e Lula fazendo reuniões em ambientes fechados, com público (cuidadosamente convidado) e nunca acima de três mil pessoas. As pesquisas insistem que ele tem chances de vencer no primeiro turno! É ridículo.