Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

A GRANDE MENTIRA

Publicado em 10 de janeiro de 2024

O rompimento do Clã Cunha Lima – racha entre Bruno e Romero Rodrigues – se constitui num factoide produzido pela mídia (jornalismo de batente) carente de fatos novos, despida de criatividade, porém comprometida em alimentar diariamente o leitor, ouvinte ou telespectador, com um mínimo de sensacionalismo banal. Os inúmeros portais de notícias, repletos de amadores, demonstram sua precária habilidade de analisar fatos ou acontecimentos – por desconhecerem a história e ignorarem como funciona o poder nas suas entranhas – e se mostram inábeis de enxergarem a lógica, bem abaixo de seus narizes.

Para desmistificar toda esta baboseira – parturiente de intrigas que só existem na mente de quem as escreve ou posta – comecemos pela ausência de episódios comportamentais marcantes. Quando e onde Bruno criticou, desqualificou ou denegriu a imagem do ex-prefeito Romero Rodrigues? Alguma vez tentou sequer comparar sua gestão com a do seu antecessor? Se autoproclamou como mais capaz e competente? Se tiverem registros destes eventos, que citem. Bruno, no momento, é mais um disciplinado “plantonista” do projeto político do Clã, que resiste há seis décadas. Um continuísta, como foi um dia Cássio, Félix Araújo Filho e o próprio Romero Rodrigues.

Quanto ao ex-prefeito Romero, alguém tem apontamento de um único pronunciamento público, criticando ou desqualificando a gestão de Bruno? Até onde temos acompanhado as entrevistas, declarações e postura política do ex-prefeito, em nenhum instante ele sinalizou ser adversário de Bruno, disposto a enfrentá-lo no embate eleitoral de outubro próximo. Ao insistirem que se defina como candidato, Romero estabelece um prazo (a perder de vista) e não confessa que seu intento é derrotar Bruno. Oportunidade já teve. Quando Bruno deu uma canetada, exonerando todo mundo, Romero ficou mudo. Se no seu íntimo existisse a rebeldia de se tornar “ovelha negra” e romper com o Clã, perdeu o “perfect timing”.

Bruno reconduziu e nomeou todos os principais seguidores de Romero Rodrigues. Por que? Ficou patente – para quem analisa de forma isenta as manobras de bastidores – que Romero não é, e nunca foi concorrente de Bruno. Só os ingênuos acreditam que Bruno iria guardar escorpiões para picá-lo. Ainda tem alguém que duvide que neste interregno (exonerações) não houve uma conversa de bastidores para ajustarem a equipe, dispensando os dispensáveis, e mantendo os mais fiéis?

A quem interessa a candidatura de Romero? A um bloco de pré-candidatos a vereadores profissionais da política, que não têm onde irem buscar – no mínimo – dois milhões de reais para ocuparem ou continuarem com uma vaga na Casa Félix Araújo. Alguns ex-comissionados, que perderam privilégios de empregarem toda a família; outros que ocupam espaços e se aproveitam da função para se tornarem “facilitadores”, criando renda extra… E quem estaria disposto a gastar – financiando Romero – no mínimo 30 milhões de reais numa campanha contra uma máquina e um jovem rico?

Para quem já foi gerente do Bar do Spazzio, Romero acumulou experiência suficiente para lidar com bêbados. Todos são ricos, valentes e mentirosos. Na hora de pagar a conta…