Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A FALTA DE UMA CONVERSA DIRETA
Publicado em 4 de abril de 2024Perdura por algum tempo o “congelamento” das relações políticas entre o ex-prefeito Romero Rodrigues e seu sucessor Bruno Cunha Lima. Criaram-se fatos, que se tornaram episódios, explorados diariamente pela mídia e redes sociais. Boatos, ilações, insinuações, são fósforos queimados para provocar incêndio, que até agora só produziram “fumaça”. Pode até evoluir para “chamas”, oxigenado por desagregadores, paradoxalmente “amigos” de ambos, que procuram tirar proveito de episódios fictícios.
A menor distância entre dois pontos é uma reta. Andando em círculos, ouvindo “conselheiros” travestidos de “conciliadores”, Romero e Bruno estão sendo manipulados por oportunistas que os levam a tomarem decisões e atos impensados, de interesse dos autores da crise, vislumbrando espaços e oportunidades dos dois lados.
Tudo que Romero esperava de Bruno Cunha Lima era manter o comando da Secretaria de Saúde. Por que não foi acertado antes? Desde que deixou a PMCG, o discurso do ex-prefeito se resume à saúde. Seu trabalho em Brasília é voltado para viabilizar a construção do Hospital do Câncer Infantil de Campina Grande. O que custa a Bruno Cunha Lima procurar Romero e lhes entregar a Secretaria de Saúde da PMCG? Um gesto lúcido, que encerraria em definitivo o conflito. E por que Romero não exige?
A curiosidade tem nos levado a conversar (informalmente) com alguns conhecidos (influentes) do baixo clero que compõem a gestão Bruno Cunha Lima. Figuras distantes dos gabinetes, trabalhadores dedicados, com ego massageado pela realização de suas ações quotidianas. Gestos simples, que os tornam plantonistas respeitados em suas comunidades. Discutem, conversam sobre um único tema: política.
A grande maioria destes barnabés estão lotados ou são servidores da Secretaria Municipal de Saúde. Um exército, ou “Divisão de Brigada”, composto de bons formadores de opinião, conhecedores da intimidade do “paciente eleitor”, público recorrente de seus préstimos, que têm seus passos fiscalizados: “marcação cerrada”. É uma equipe que se entrosou durante oito anos. Trocaram de funções, transferiram de postos, minimizam a importância de muitos, e continuam subestimando a força desta “Brigada” que vai de porta em porta na busca do voto, às vésperas das eleições.
O político vocacionado está sempre disposto a debater, discutir e ouvir o contraditório. Dominar esta arte é converter adversários em correligionários. Porém, quando estão juntos (Bruno e Romero) e se permitem dividirem-se, passam um atestado de incompetência, arrogância ou prepotência, levando o povo a escolher um algoz e uma vítima. Quando Cássio os considerou “bem crescidos” para resolverem este imbróglio, verbalizou com clareza sua experiência.
Os “mais chegados” a Bruno devem mostrar-lhes o exemplo de Pedro Cunha Lima em 2022, que perdeu a campanha pelo excesso de vaidade e amadorismo, em não ouvir sequer seu pai, e ter queimado o momento oportuno de derrotar – talvez até em primeiro turno – seu maior rival João Azevedo. O companheiro de chapa de Pedro (vice), ex-deputado Domiciano Cabral, além de ser respeitado pela classe empresarial da Capital, é estimado no mundo político como um homem de palavra, cumpridor de compromissos.
Quando Aguinaldo Ribeiro chutou o “pau da barraca”, e deu uma rasteira no Republicanos, esperto, atento conhecedor das reações intempestivas destas ocasiões, Domiciano imediatamente procurou o Republicanos. Topavam em apoiar Pedro. Afinal, já estavam com Efraim. Exigiram a Secretaria de Educação e Saúde. Por instantes, Domiciano sentiu-se eleito. Acionou Cássio, que procurou Pedro.
Prontamente seu filho negou-se a seguir sua orientação. E com arrogância juvenil advertiu: “não entrego nenhuma Secretaria a ninguém, serei governador e pessoalmente escolherei e comandarei minha equipe”.
Esqueceu a via-crúcis percorrida por seu pai (Cássio) para chegar ao segundo turno em 2002. Negociou metade do secretariado. E para vencer, ficou apenas com seu gabinete e a Casa Civil. Cícero Lucena recebeu a Educação com “porteira fechada”. Efraim (pai) DER, SUPLAN e Saúde; Armando Abílio Ação Social e LOTEP…