Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

A FALTA DA MÃO DE JOÃO

Publicado em 17 de setembro de 2024

A menos de três semanas do primeiro turno das eleições municipais de 2024 os candidatos a prefeito e vice em todo o Estado, filiados ao PSB, estão desesperados à procura de segurar na mão escorregadia do governador João Azevedo, em busca de segurança, salvando-os de tropeços e quedas inevitáveis. Se não forem socorridos em tempo hábil, para concluírem a curta travessia de dezenove dias, amargarão derrotas indesejáveis e imprevistas.

Uma aglomeração de 223 candidatos se acotovelou para chegar próximo ao governador e segurar sua mão. Mas, a esta altura, os telefones estão desligados, o governador não está em Palácio, ninguém sabe de sua agenda ou roteiro e todos ficam à espera de um milagre. Não zombando da fé, talvez alguns consigam.

Em Campina Grande, o candidato Jhonny Bezerra – limite esgotado – ainda vem mostrando a duras penas sua capacidade de resistência. Se o governador não “encostar”, continuará avançando sobre o eleitorado de outro aliado de João, o candidato Inácio Falcão. Pesquisas de consumo já identificaram que o crescimento de Johnny coincide com a queda vertiginosa de Inácio, já na casa de um dígito. Terá um resultado inferior às eleições passadas (2020). Durante toda a campanha, Jhonny não conseguiu uma única adesão expressiva de seu principal adversário, Bruno Cunha Lima. Para crescer, Johnny teria que subtrair os apoios de Bruno, que permanecem intactos.

Na cidade de Bayeux, Nilvan Ferreira estava aclamado. Armaria uma rede debaixo de um alpendre e aguardaria apenas o resultado das urnas. Na ânsia de exibir uma vitória acachapante, e exterminar seu adversário, cometeu um deslize que pode lhe custar uma derrota, de uma eleição vencida por antecipação. Aliou-se ao governador João Azevedo, seu maior adversário, que ele havia derrotado há dois anos em Santa Rita. João não perdeu nada. Para o povão, Nilvan foi quem aderiu. Ficou sem discurso, traiu os radicais, e não recebeu a devida compensação pelo seu ato insensato.

Em João Pessoa, sob cerco semelhante ao de Stalingrado (II Guerra) , Cícero Lucena – merecedor de toda a atenção de João Azevedo e da máquina do Estado – luta desesperadamente por um resultado no primeiro turno. Se não conseguir, será uma vitória de “pirro”. Seu exército sucumbirá na batalha seguinte. Nos municípios onde o governador está colado com o Republicanos as chances de triunfo estão se consolidando. Porém, quando sua opção é outra legenda, só lhes resta buscar forças “mercenárias” para o combate final. Os mapas pós-guerra redesenharão novos territórios ocupados, com trincheiras e fortificações para o grande embate de 2026.

João Azevedo – formação técnica – tem se esforçado para incorporar uma vocação política. Mas, esbarra na sua miopia, que norteia seu juízo de valores em números, gráficos e estatísticas.

No mundo político, prevalece o imprevisível, motivado pelas insondáveis emoções humanas. Quando vem a Campina Grande, por exemplo, três ou quatro mil contratados são convocados para recebê-lo festivamente. Terminado o evento, ele sai pensando que é um novo Frei Damião. Esquece até de observar que sua última votação na cidade foi de apenas 38 mil votos.

João diariamente assina protocolos, trazendo investimentos para instalações de indústrias, Resorts e obras para fortalecer a economia da Capital. E para Campina Grande? A única obra concluída foi o Arco Metropolitano, projeto que vem da gestão Ricardo Coutinho, ao lado do Centro de Convenções, que levará mais tempo para ser concluído que a transposição das águas do Rio São Francisco. A única esperança de um segundo turno é Artur Bolinha, se conseguir com seu marketing polarizar a campanha em nível nacional: Bolsonaro x Lula. Até o presente momento, não surtiu efeitos.