Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

A DERROTA DE DÓRIA E SEUS EFEITOS COLATERAIS 

Publicado em 23 de maio de 2022

Instintivamente comentamos em uma de nossas últimas postagens as barreiras criadas na legislação eleitoral, com o fim das coligações, do surgimento do bilionário “Fundão Eleitoral” e as “nominatas”. Em dezembro (2021) surgiu mais uma figura esdrúxula, “Federação Partidária”, mecanismo de controle absoluto das legendas pelos seus eternos “Caciques”, que deixaram de ser “figurativos” e passaram a ser “donos da bola”. Irão escalar os times, e sem eles, não tem jogo.

Hoje (23.05.2022) a desistência do ex-governador de São Paulo João Dória – abandonando a corrida presidencial das eleições de outubro próximo – deixou um nítido recado com conotações “feudalistas”, dos presidentes das tradicionais legendas para seus filiados, pondo-os nos seus devidos lugares. Dória, ou saia pela porta da frente ou seria expulso pela dos fundos. MDB, PSDB e Cidadania vão impor Simone Tebet ou Temer. Quem tentar “furar” a regra, será defenestrado.

Ao longo do tempo, Deputados Federais e Senadores se elegeram usando estas legendas. Após empossados nos respectivos cargos, seu partido doravante estampava as “cores” de seus interesses pessoais. A retórica partidária havia sido deixada nos palanques. Cada deputado ou senador era uma sigla individual, que atuava da forma que bem entendesse no Congresso. Criavam as mais abomináveis alianças (unindo rivais ideológicos) nas votações de temas que envolvessem “muito dinheiro”, para se locupletarem nestas ocasiões. PT, PSL, DEM e PSOL estiveram inúmeras vezes juntos em plenário, desprezando literalmente as recomendações de seus partidos.

Com o MDB encabeçando uma chapa presidencial, todos os candidatos a governadores ou senadores dos Estados da Federação, terão que se submeterem às diretrizes das executivas nacionais de seus partidos. Isto causa danos ou efeitos colaterais em algumas alianças já montadas, principalmente no Nordeste. Em Alagoas, Renan não vai poder exibir Lula em seu palanque no primeiro turno. O mesmo acontecerá no Rio Grande do Norte, onde Walter Alves (MDB) já havia sido escolhido vice na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT) que disputa a reeleição.

Na Paraíba, Veneziano Vital do Rego (MDB) que ainda não tem um vice, ficará sem o companheiro para o Senado – Ricardo Coutinho (PT) – e não terá a exclusividade de Lula em seu palanque. Pedro Cunha Lima, se quiser manter sua candidatura, terá que se unir ao MDB e Cidadania. A esta altura, Pedro e Vené já podem ser considerados projetos natimortos.

O único candidato sem problemas é o governador João Azevedo (PSB) que marcha buscando, num estilo partidário “ecumênico”, sua reeleição. Seu partido não é “Federalizado” com PT. E Ricardo Coutinho? Encaixa-se num velho adágio popular: “perdeu a besta e o chocalho”.