Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

A DEPLORÁVEL MUTAÇÃO EM NOSSO JORNALISMO

Publicado em 10 de janeiro de 2024

Vendo agora em grupos de ZAP a radical mutação de alguns coleguinhas da imprensa campinense, especialmente aqueles auto proclamados defensores incansáveis da cidade que impiedosamente criticavam – de modo injusto, diga-se! – o prefeito Bruno Cunha Lima, e agora o endeusam, decidi recordar exemplar texto da lavra do brilhante confrade Marcos Tavares, sobre se ter CUIDADO COM O POVO.

Aliás, somos todos POVO. O jornalista, mesmo esses tipos mutantes, e o prefeito; o eleitor e o vereador; o mendigo e o deputado; o gay e Sua Excelência o Presidente da República; a costureira e o alfaiate; o engomadinho e o desarrumado…

Vai por aí!

Mas vamos a Marcos Tavares, que é o que importa hoje nesse espaço que a minha dúzia e meia de fieis leitores aprecia:

CUIDADO COM O POVO!

Essa entidade multifacetada e sem rosto que se convencionou chamar de povo, e em nome do qual dizem exercer o poder tanto pode ser uma entidade salvadora como uma entidade sinistra. Ao longo da história, o povo já deu provas de que, em grupo, raciocina pior do que sozinho e pode entrar em grandes roubadas achando que está salvando o planeta.

Foi o povo – judeu, é claro – quem escolheu Barrabás em vez de Jesus.

Foi o povo – Romano, no caso – quem pranteou César quando César queria apenas acabar sua nobre República e virar Rei.

Foi o povo que seguiu Danton, Robespierre e Marat na sanguinolenta revolução francesa, o mesmo povo que depois foi assistir à cabeça de dois deles ser arrancada do corpo.

Foi o povo quem encheu as ruas de Munique para clamar por Hitler como o salvador da Alemanha, o mesmo povo que pegou em armas para dominar o mundo em nome de uma raça superior.

Foi esse mesmo povo – russo, no momento – quem matou o Czar e implantou o império soviético que deu espécimes como Stalin, Beria e outras maravilhas da espécie humana.

Esse mesmo povo lotou a Times Square para comemorar a bomba atômica lançada sobre o Japão sem saber que iniciava um novo ciclo e século de destruição em massa.

Foi também o povo – americano agora – quem admitiu e assistiu à histeria anticomunista que levou à câmara de gás o casal Rosenberg.

Por aqui, abaixo do Equador, o povo bateu palmas para Pinochet tão logo ele destruiu La Moñeda a bombas e esse mesmo povo, latino, marchou nas ruas de São Paulo com Deus e pela Pátria avalizando o golpe de sessenta e quatro.

Esse povo levou Collor ao poder como a salvação da lavoura e, de cara pintada, foi às ruas tirar Collor do Alvorada e devolvê-lo às Alagoas.

Portanto, muito cuidado com o povo, que não é assim tão sábio como imagina nossa vã democracia.

Povo é como leão. Deve ser respeitado, mas deve ser mantido dentro de cuidadosos limites senão come seu tratador.
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E o caro leitor deve estar ansioso por saber o que tem a ver uma coisa com a outra – o povo e os impiedosos vira-casacas da nossa imprensa.

Digo sem pestanejar: o povo continua sendo parcialmente sábio e esses bestiais que em nome do jornalismo (sic !?) dizem falar em nome do povo não são povo coisa nenhuma. São escórias de uma sociedade que os abomina. Caça-níqueis que se vendem à oferta da primeira moeda que tilintar aos seus pés.

Uma vergonha!!!