Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A CAMINHO DO OSTRACISMO
Publicado em 20 de julho de 2023Ninguém conseguiria antever que em apenas cinco anos – com intensidade meteórica – o ex-governador Ricardo Coutinho despencaria tão rapidamente dos píncaros da glória, alcançado por cinco vitórias consecutivas entre 2004/2018, triunfos marcantes que fulminaram a tradicional classe política paraibana, destroçando oligarquias e removendo do poder lideranças sedimentadas por décadas.
Ricardo Coutinho ter conseguido derrotar José Maranhão e o clã Cunha Lima, duas vezes consecutivas – dois pleitos distintos – era algo tão inimaginável quanto a sua queda vertiginosa a partir de 2020, tropeçando nos cadarços de seus próprios sapatos.
Não subestimando a importância da cidade de Santa Rita, o PT permitiu que apequenassem seu maior líder no Estado – ex-governador Ricardo Coutinho – quando concordou com o PCdoB em lançá-lo para encabeçar a chapa da oposição, nas eleições municipais do ano vindouro. E para nossa surpresa, sem a concordância do PV.
O mais humilhante foi a sequência dos acontecimentos, construídos com o nítido e inconfundível propósito de arrastar para a “sarjeta” da política paraibana, um ex-prefeito eleito e reeleito da Capital, ex-governador da Paraíba por oito anos, que conseguiu eleger um técnico para sucedê-lo. A direção estadual da Federação (FEBRASIL) formada entre as três legendas (PT, PCdoB/PV) vetou o nome de Ricardo Coutinho, alegando que aguardaria orientação da Executiva Nacional. Inacreditável!
O mais curioso tem sido o silêncio de Ricardo Coutinho, e sua desatenção em não perceber que estão querendo levá-lo ao ridículo. A manobra deixa vestígios das intenções marotas da direção estadual da sua própria legenda, e da Federação Partidária, em queimá-lo por antecipação, evitando sua provável intenção de disputar a prefeitura da Capital. A quem interessa o afastamento do ex-governador da eleição municipal de João Pessoa? A lógica aponta Luciano Cartaxo e o Palácio da Redenção.
O momento único e oportuno para Lula voltar a praça pública, na busca de ser aplaudido, será por ocasião das eleições municipais do ano vindouro (2024). O Palácio do Planalto jogará pesado para arrancar vitórias nas capitais e cidades com eleitorado expressivo, onde tenha possibilidades de segundo turno. Direita x esquerdas, revanche.
O desafio do PT é mostrar – ou tentar ratificar – o resultado da eleição de 2022, que tem “acuado” o presidente e limitado seu espaço a ambientes fechados, com público seleto, cuidadosamente recrutado para estes momentos. Lula tem evitado ir a restaurantes. É apupado até no exterior. Em suas viagens, só não foi vaiado na China.
Na Paraíba, Lula viria para um palanque de Ricardo Coutinho, ou para o de Cícero Lucena apoiado por João Azevedo? Como se posicionará o senador Veneziano Vital do Rêgo, íntimo do Alvorada e Planalto, que recebeu apoio irrestrito de Ricardo Coutinho em 2022 na disputa pelo governo da Paraíba? Veneziano subiria no mesmo palanque de João Azevedo? João apoiaria Luciano Cartaxo, na tentativa de defenestrar para sempre Ricardo Coutinho da política paraibana?
Jogar Ricardo para Santa Rita é levá-lo ao ostracismo. Mesmo vencendo, será um grande perdedor. Não conseguirá alicerçar bases, para conseguir chegar à Câmara dos Deputados dois anos depois.