Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A BOLA DE CRISTAL DE WILSON SANTIAGO
Publicado em 30 de setembro de 2023Desfilando na passarela como manchete principal da mídia paraibana nos últimos dois dias – vestindo “tendência” da profecia – antevendo os destinos da política paraibana e seus protagonistas com vistas ao distante pleito de 2026, o veterano Wilson Santiago mudou seu perfil. Ao opinar sobre a crise do momento, entre Congresso e STF, subestimou a si mesmo, desprezando a legitimidade da força do Legislativo, o mais legítimo e autêntico dos poderes, eleito pelo povo para representá-los.
Admitindo que a PEC da Frente Parlamentar, estabelecendo regras e limites ao STF, dentro da legalidade constitucional, não será aprovada, involuntariamente Santiago confronta a Carta Magna e abdica das prerrogativas que ele mesmo desfruta, destinadas aos representantes do povo. O STF não é eleito, não representa o povo.
Santiago não atentou para gravidades implícitas em suas palavras, que podem ser interpretadas como “corroborativas” aos ideais golpistas, defendidos pelos nefastos “progressistas” (comunistas), eternos defensores de ditaduras, que abominam o primordial princípio da democracia: “o poder emana do povo”. Na visão do “ativismo judiciário” ora instalado no País, o poder provém de suas interpretações, consumadas em decisões monocráticas ou colegiadas, compostas por um grupo de onze nomeados, sem o referendo de 145 milhões de eleitores. “Ditadura da Toga”.
Debruçado sobre o quadro “futurista” do pleito estadual de 2026, Santiago “nomeou” todos, e superestimou sua “cria política” Hugo Mota. Olhando sua “bola de cristal”, Hugo é o “coringa” que formará qualquer jogo. Pode ser Senador ou Governador. João Azevedo tem que se contentar com uma vaga para o Senado, disputada sem o poder de caneta. O Clã Ribeiro terá que cortar a própria carne, restringindo seu espaço, acomodando-se com uma única vaga na chapa majoritária. Santiago esqueceu a força de Adriano Galdino? Ou fala com sua autorização?
Somando-se as forças construídas a partir do resultado das urnas de 2022, Adriano Galdino e seu irmão Murilo mostraram uma performance que supera os Wilson (pai e filho). Equilibra-se com Hugo e sua avó. A diferença pró Galdino é sua posição conquistada através do respeito de seus pares na Assembleia Legislativa, garantindo João Azevedo navegar no “mar de Almirante”. Governar sem oposição foi conquista de poucos que ocuparam o Palácio da Redenção. Se João Azevedo hoje tem um sono tranquilo, agradeça a Galdino e seu intenso trabalho “agregador”, que evita pesadelos.
Distante de Brasília, Adriano Galdino é o bombeiro do quotidiano vivido pelo governo, para debelar pequenas chamas, evitando grandes incêndios. O SAMU que socorre as bases, atuando nos primeiros socorros. Encanador para evitar vazamentos e desobstrui a rede que alimenta o “sistema”, evitando o colapso da ausência do poder público. O estetoscópio que mede a “pressão” arterial da governança. Na “bola de cristal “de Wilson Santiago, ele não é visto como peça importante e fundamental na aliança formada para continuidade da gestão concebida por João Azevedo (?).
Adriano já demonstrou sua “disciplina” e feição agregadora, quando desistiu de sua reeleição para a presidência da ALPB, entregando a Gervásio Maia seu cargo, para massagear o ego de Ricardo Coutinho, desejoso em elegê-lo deputado federal. Foi mais forte que Arthur Lira, quando impediu a prisão das deputadas Cida e Estelizabel (Operação Calvário). Se não tivesse mergulhado fundo no segundo turno (2022) João teria sido derrotado. A pergunta que exige resposta: Adriano não será ouvido, nem ocupará espaço na chapa majoritária de 2026? Em quem João Azevedo confia mais: Wilson e Hugo, Adriano Galdino ou Ribeiros?