
Emir Gurjão
Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.
A Batida de Pino de Lula – A confissão da maldade
Publicado em 16 de janeiro de 2025A recente proposta do governo Lula de exigir a declaração ao Imposto de Renda sobre transações financeiras, incluindo transferências via PIX, gerou enorme desconforto entre trabalhadores, pequenos empreendedores e profissionais autônomos. A impressão que fica é de um governo que, em vez de procurar ajustar suas próprias contas internas – por meio de cortes em benefícios exagerados ou de fiscalização de despesas do Judiciário e Legislativo – prefere apertar o cerco na base da pirâmide social. Essa sensação se agrava ao observar que o governo não apresenta, de forma clara, como usará esses recursos em benefício da população mais pobre e, ao mesmo tempo, coloca sigilo de 100 anos sobre seus próprios gastos e os de sua companheira, Janja.
Para ilustrar o problema, podemos comparar a situação a um “motor batendo pino”: quando o motor está desregulado, ele começa a falhar e prejudicar o funcionamento do veículo. Da mesma forma, quando o governo propõe uma medida que não faz sentido para quem produz e trabalha, “bate pino” e gera ruídos desnecessários na economia. É o que acontece, por exemplo, com o caminhoneiro que relatou um frete de R$ 6.000,00, do qual 70% (R$ 4.200,00) são custos fixos e 30% (R$ 1.800,00) útil o lucro bruto . Com a cobrança de 27,5% sobre o valor total (R$ 6.000,00), o imposto chegaria a R$ 1.650,00, liberando o lucro a R$ 150,00. Além disso, há uma taxa de serviço de 10% (R$ 600,00), resultando em prejuízo de R$ 450,00 para o caminhoneiro. Consequentemente, ele seria obrigado a repassar os custos, gerando inflação e penalizando novamente o consumidor.
Lula acabou recuando (“desbateu o pino”) e revogou a proposta. No entanto, o estrago já foi feito: a desconfiança e a frustração de quem se sente visado por uma política tributária pouco transparente permanece . Se o governo deseja recuperar a confiança da população, precisa mostrar com clareza onde os impostos serão aplicados e, sobretudo, zelar pela austeridade de suas próprias contas, em vez de manter os gastos sob sigilo ou avançar continuamente sobre o bolso de quem tem menos recursos.
O vídeo acima, apresentado pelo grande humorista Chico Anysio, ilustra bem essa tentativa de apertar o cerco. Da mesma forma, no caso do “imposto da blusinha”, Lula inicialmente afirmou que não iria taxar, mas acabou taxando, desrespeitando as camadas mais simples da população. O Imposto de Renda via PIX seguiria a mesma lógica e seria cobrada, “na cara de pau”, penalizando ainda mais quem já enfrentou diversas dificuldades.