Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
A ATONIA DO GOVERNO LULA
Publicado em 4 de fevereiro de 2023Desde sua posse (01/01/2023) Lula tem buscado espaços na mídia, para chamar a atenção do público, com o intento de apagar os rastros deixados pelas dúvidas sobre a legitimidade de sua vitória nas eleições de outubro (2022).
A empreitada até o presente tem sido mal sucedida. Continua distante do povo, isolado pelos seus aliados da campanha – ideologicamente desiguais – como PSD, PSDB dentre outros, que temem ser contaminados pelas reações raivosas e adversas à figura “presidencial” em público. Irrequieto, o petista parte para declarações estapafúrdias na mídia, causando vexames ao jornalismo aliado e militante do período eleitoral.
A CNN nos últimos trinta dias tem se mostrado completamente irreconhecível. No horário de sua maior audiência às 22:00hs – programa WWW com William Waack – estão batendo no governo e no presidente, sem dó nem piedade. Empregando o jargão do futebol de várzea, “abaixo do pescoço, tudo é canela”.
Quem diria!
Raquel Landim, Felipe Moura Brasil, Caio e “cientistas” políticos convidados para participarem do debate diário – na bancada comandada por William Waack – os festejados “Medalhões” do jornalismo brasileiro, buscam recompor suas imagens e posturas, tentando voltarem-se para informação com imparcialidade. O que nos deixa intrigado, é que todos conheciam Lula e suas limitações. Se surpreendem agora?
Postamos neste espaço há três dias um texto sobre as “manobras” nos bastidores do Congresso, para implantar um Regime de Governo Semipresidencialista. Para nossa surpresa, o assunto foi ilustrado em um editorial de autoria de William Waack e debatido na mesma noite. Claro que ele não leu, nem se inspirou em nosso artigo. Todavia, explicitou a sintonia que existe no meio, que observa o movimento para “limitar” os poderes de Lula, deixando-o dentro dos padrões do novo “Rei da Inglaterra”.
A sua mais recente decepção, que dilacerou o âmago da sua vaidade, ocorreu nas eleições dos presidentes da Câmara e do Senado. Em seus discursos de posse, ambos não agradeceram o seu apoio, nem citaram seu nome. Falaram sobre trabalhar para pacificar o País, evitar atos antidemocráticos e preservar o Estado de Direito. Abstrações confusas e ininteligíveis, forjadas pelos intelectuais das esquerdas – para se tornarem tema de debates estéreis – tão ludibriante quanto o “politicamente correto”.
Na intenção de usar Medidas Provisórias para alavancar o governo, implantando programas oriundos das promessas de campanha, foi desaconselhado pelos presidentes da Câmara e Senado, que o advertiram da validade (120 dias) e não assumiram a responsabilidade de aprová-las em Plenário. Lula quer revogar a Lei do teto de gastos, governança das estatais e insinuou intervenção na autonomia do Banco Central. Mapa ou trajeto perfeito, para chegarmos à bancarrota.
A Lide Brazil Conference, entidade presidida por João Dória e Luiz Fernando Furlan, aquela que em agosto de 2022 marcou o “Encontro de Nova York” para o dia 15 de novembro, ambiente que discutiriam a política do “novo governo” do Brasil mesmo sem saber que Bolsonaro seria derrotado, desde o dia 02/02/2023 está reunida em seu segundo encontro, com os mesmos personagens (inclusive do STF) no hotel mais luxuoso de Lisboa (Portugal), ocupado por 250 convidados. A única figura “estranha no ninho” é a ministra Simone Tebet. Convidado de honra e principal palestrante foi o ex-presidente Michel Temer, que ontem expôs em sua palestra a necessidade do Brasil adotar o semipresidencialismo. Para tanto, prometeu sua disposição em ajudar e orientar o Presidente Lula, que há dez dias o chamou de “golpista”. Em tempo: os Ministros do STF com DNA “petista raiz” não estão presentes. Só Alexandre de Morais, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Luiz Roberto Barroso. E quem modera o debate é Merval Pereira (Globo), que ainda joga sinuca com um taco de dois bicos. A NOM está em marcha.