Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

A quem cabe a carapuça?

Publicado em 20 de abril de 2025

Em matreiro e contundente proposital cabeludo texto – no tamanho do esticar de madeixas, é óbvio – o notável advogado campinense Amaro Pinto, que nos dá arraigado orgulho por integrar a grade de colunistas deste portal (APALAVRA ON LINE), enriquecendo-o com sua pena ímpar e solene cuida, na peça publicada último dia 13, de três nada invejáveis situações lamentavelmente imanentes à vida humana: a “ingratidão”, a “deslealdade” e a “soberba”.

Essa nova obra-prima de Amaro é leitura obrigatória de quem, como eu e mais alguns outros felizes e desobrigados conterrâneos, tem Campina Grande como berço e morada eterna.

O Mestre Amaro se identifica um “fascinado, humilde e curioso aprendiz do Direito, Literatura e Filosofia”. Advogado, cronista e articulista paraibano, não é demais a gente que lhe preza acrescentar o que ele não se atreve a atribuir no rol das suas inoxidáveis qualidades: de que, antes de tudo, é um GÊNIO!

A oratória de Amaro, moldada a partir da sua vivência irmã com outro gênio que já nos deixou – Antonio Vital do Rego – reside dentro de um homem que eu julgo sem defeitos, por ser humilde, elegante (no trajar e no tratar), atencioso, equilibrado e doutrinado nas artes de sempre carregar consigo a feitura do bem, sem olhar a quem, condicionado à frase que é dogma em seu modo de se portar e de existir:- “Avante, porque somente DEUS é grande!”

O texto do amigo querido denuncia a vilania de um alguém, em desabafo eloquente, necessário e preciso, mas conserva a elegância de não apontar o dedo limpo na identidade do podre ofensor.

Peço permissão ao grande causídico, metade cara de Dona Evania, para reproduzir neste meu espaço estas suas linhas retas e verdadeiras, para maior alcance público do seu pensamento atual.

E ouso, gritando bem alto, também repetir o seu verdadeiro e fervoroso bordão: “Avante porque somente DEUS é grande!
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Segue o libelo de AMARO Pinto:

INGRATIDÃO, DESLEALDADE E SOBERBA
(Publicado em 13 de abril de 2025)

Se nas maiores profundidades da Alma Humana, lugar onde poucos escafandristas, dos mais perquiridores do Ser se atrevem mergulhar – há algo de putrefato, ouso dizer que seria de tempo e risco perdidos tal mergulho, porquanto deambulam em nosso derredor cotidiano pessoas (sic) que acumulam tais fétidos odores à flor da pele, os quais são sentidos a milhares de quilômetros de distância, cujo chorume jamais poderá ser disfarçado sob o uso desmesurado de fragrâncias francesas das mais nobres, caríssimas e refinadas que sejam.

Esse tipo de ratatulha traz em si, por imanência natural, vinda sabe-se lá de onde, as características do título [não necessariamente na ordem descrita] sendo siamesa em se mostrar e conduzi-ser sempre com as mesmas vis e repugnantes atitudes: primeiro aproxima-se, sob o falso manto da humildade, que nada mais é que deslealdade afiada em esmeril de maldades – as mais das vezes solicitando ajuda para o que for, até então prestos, untuosos, gentis, capazes de dar até o que não possui, tudo no escopo de se ver livre de alguma coisa ou situação adversa naquele (s) momento (s) que precisa – e só.

Depois de servida e saciada, passa ao deleite do elogio fácil, apenas enquanto não consegue, pelo arrivismo que também lhes é imanente, alcançar melhores situações (materiais) de vida, instante em que dá-se à sofreguidão de esquecer as mãos que não se mediram em prestar-lhes atendimento – no que seja, diga-se.

Por fim, se é que assim se pode dizer, em condutas que fazem Dante, Balzac e outros mais conhecedores do Humano corar, subsumem as duas formas de tratar, tão asquerosas em si e por todas, descambando na ingratidão, uma das mais vis mazelas de quem se propôs viver e ainda, pior, se também assim é possível descrever – com asco tão grande, repleto de vilania e cara untada à saciedade de óleo de peroba – a dar prestígio, com toda licença, à soberba (que precede à ruína, é Bíblico) – de se considerar melhor que os demais mortais neste mundo de Deus. Vade!

Todas essas condutas são imantadas e se dão por aparecer em decorrência de subitânea e de prazo certo melhoria alcançada em suas vidas medíocres e vis, falsas e perversas, quase sempre em decorrência de alguma dinheirama advinda das faustosas tetas cujo leite abundante molha tais bocas de Tubarão (com T maiúsculo mesmo).

O que de uma certa forma ressai como comum, é que essa ralé anda em bandos, dá-se junta, se refestela junta, de igual com sorrisos, abraços e apertos de mão capazes de levar um incauto ao desmaio incontinenti – come junta, dorme junta, empresta-se junta para tudo que for longe da perfumada (aí sim) boa e solidária convivência fraternal e desinteressada.

Para quem teve a sorte e suprema felicidade de conhecer e prestar solidariedade a essa rafameia, e dela se livrou, vão os meus gáudios e incontidos parabéns e saudações, os quais tomo a mim mesmo, porquanto o convívio com tal súcia é mais pernicioso que um mergulho sem pressa a nado ritmado no Canal das Piabas – com todo respeito a tão conhecido escoadouro dos esgotos de nossa amada Campina.

Para o mais, é saber que a espontaneidade do incauto se convola em prudência, a confiança se põe de olhos abertos, o doce dos passos vai-se em caminhada ciente e o dobrar das horas e dias se espraia em saber-se plena de livramentos e conduções destinais – fixada em rumo certo, ao alcance de vistas impossíveis de ser novamente tisnadas pelas péssimas maquinações oriundas das profundezas de quem se pôs a viver escorado no funesto intuito de sorver e enganar o bom e o bem de outrem e se repastar no que as artes boas se deitam, desde que ecoaram debaixo do Céu, os primeiros sons límpidos, repletos de claridade e fraterna caridade – essas sim, imorredouras e não porque seja a humanidade santa, com aura de pureza imaculada, como a canalha se imagina – mas e sobretudo porque o perdão é estuário natural de quem se cobre de erros humanos, porém reconhecidos e proclamados, sob a candura da consciência da própria, natural, fraca, finita e inerente condição humana.

Avante porque somente DEUS é grande!