Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

60 ANOS DA ELEIÇÃO DO PRESIDENTE CASTELO BRANCO

Publicado em 11 de abril de 2024

A “desconstrução” proposital da História Oficial do Brasil tem se constituído numa resistente “paranoia” das esquerdas, com apoio das agremiações partidárias de centro – “embrulhado” pela mídia – e entregue aos Centros Acadêmicos Universitários que alimentam o jornalismo (desinformado) e as gerações que se sucedem. É enraivecedor constatar-se a insistência de transformar mentiras em verdade.

Mostrem-nos registros da história universal – ocorrência de um Golpe de Estado – quer seja promovido por civis ou militares, com todas as instituições democráticas abertas, funcionando, sem a menor ameaça de ocupação. Dia seguinte à noite de 31/03/1964 estavam abertos (01/04/1964) o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal, o Palácio do Planalto; todos os portos e aeroportos; Governos Estaduais, Prefeituras, Assembleias Legislativas e todas as instâncias do Poder Judiciário em todo o País. Comércio, indústria e transportes funcionando, e não houve decretação de “Estado de Sítio” ou “Toque de recolher”. Então, onde foi este “golpe”? No Brasil, não.

No final da tarde do dia 01/04/1964 o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli – cumprindo o que determinava a Constituição – dirigiu-se ao Palácio do Planalto e assumiu interinamente a Presidência da República, pela “vacância” do cargo. O Presidente João Goulart – eleito como vice de Jânio Quadros – deixara o País sem renunciar nem pedir licença ao Parlamento. Nestas circunstâncias, assume o presidente da Câmara dos Deputados, que tem o prazo de 30 dias para convocar, realizar eleições e empossar um novo Presidente, eleito indiretamente pelo Congresso Nacional. A maioria dos ex-ministros de Jango pediu exoneração, outra parte ficou, como o ministro da Guerra. Poucos foram substituídos por Mazzilli.

Neste mesmo dia, Ranieri Mazzilli convocou a eleição presidencial para o dia 11/04/1964. As apostas sobre quem seria o novo Presidente giravam em torno dos nomes de Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, Carlos Lacerda, Adhemar de Barros, Magalhães Pinto, Amaral Peixoto… Nunca foi cogitado (na época) o nome de um militar. Havia uma crise nos quartéis, desde a renúncia de Jânio Quadros (agosto de 1961), quando os militares se dividiram.

No dia da renúncia de Jânio, seu vice João Goulart estava na China, em missão oficial, acompanhado por uma comitiva de diplomatas, deputados federais e senadores. Viagem determinada por Jânio, para reatar relações diplomáticas com a ditadura comunista de Mao Tsé-tung. Jânio já havia “pisado na bola”, levando o Brasil a ser o primeiro País democrata em reconhecer a ditadura cubana de Fidel Castro, como Estado. No auge da guerra fria, os militares se dividiram, e “racharam” os quartéis. Muitos não queriam a volta, nem a posse de João Goulart. Outros, legalistas, aceitavam, mas não permitiriam que Jango cuidasse da política externa do País. Chegaram a um consenso e optaram por um Parlamentarismo. Tancredo Neves foi o Primeiro Ministro.

Por que a UDN, PSD e PTB, os três maiores partidos no Congresso, não lançaram candidatos para a disputa de 11/04/1964? Ano seguinte (1965) ocorreriam as eleições presidenciais. Kubistchek já estava com sua campanha pronta: “1965 a vez da agricultura”.

Brizola também: “Cunhado não é parente, Brizola para Presidente”. E Carlos Lacerda, “dono” da UDN, estava à frente do governo do Rio de Janeiro. Se afastaria só no início de 1965. Com Brizola fora, a briga seria entre UDN e PSD. Começaram a procurar um nome.

Surgiu a ideia de pôr um militar e unir as Forças Armadas. Afinal, era apenas um ano de governo. E quem seria? Procuraram o respeitado marechal Cordeiro de Farias. Pacifista, democrata, constitucionalista. Recusou-se, para não ferir seus colegas e reacender as velhas disputas ainda da era Vargas. Depois de ouvirem, um a um, o único que aceitou foi o Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, respeitado por nunca ter se envolvido em quarteladas partidárias.

A chapa foi registrada 72 horas antes do pleito. O vice de Castelo Branco foi o civil José Maria Alckmin, amigo, conselheiro e até “marqueteiro” de Juscelino Kubistchek. Teve dois outros concorrentes. O ex-presidente Eurico Gaspar Dutra e Juarez Távora.

Resultado: Castelo Branco (apoiado pela UDN e PSD) que esqueceram sua rivalidade naquele momento, obteve 361 votos. Juarez Távora, três, e Dutra dois sufrágios. A abstenção e ausência foi de 109 parlamentares.

Nos compêndios da História do Brasil não consta a narração de nenhum destes episódios. Semana passada, perversamente, um determinado jornalista “mentiroso da história” escreveu um texto com o título: “Eleição de Castelo Branco consumou o golpe”.

Por que ele não apontou Ulisses Guimarães e Juscelino, que em voto aberto fizeram os mais brilhantes discursos da sessão que elegeu Castelo? Oportunistas à procura de culpados, puseram a carapuça nos militares, e tentam entrar na história como vítimas.