
Há 23 anos, nascia formalmente a Universidade Federal da Paraíba
Publicado em 9 de abril de 2025Há 23 anos, em 9 de abril de 2002, o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Educação Paulo Renato Souza assinaram o texto da Lei nº 10.419, dispondo “sobre a criação da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, a partir do desmembramento da Universidade Federal da Paraíba – UFPB”.
Em 28 de março último, o professor Mário Araújo Filho presidiu – na condição de decano do Conselho Universitário – a solenidade de investidura e posse dos novos dirigentes da UFCG, o professor Camilo Simões, Reitor, e a professora Fernanda Leal, Vice-Reitora, transmitindo, em nome do Conselho Universitário, o cargo de Reitor da UFCG ao Professor Doutor Camilo Allyson Simões de Farias.
Na ocasião, ele fez um pronunciamento falando um pouco sobre a história da UFCG e destacando que “esta não é uma Universidade que nasceu ‘ontem’. A UFCG resultou do desmembramento da UFPB em 2002, mas este não foi, seguramente, seu ‘marco zero’, sua origem, seu ponto de partida”.
Pela importância do ato, APALAVRA publica a seguir a íntegra do pronunciamento.
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É uma honra para mim participar deste momento, do mais alto significado para a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). E, mais ainda, por fazê-lo na condição de decano do Conselho Universitário.
A investidura do Professor Camilo Farias no cargo de Reitor e a posse da Professora Fernanda Leal como Vice-Reitora, representam a retomada do processo democrático na Universidade, interrompido quatro anos atrás.
Agora, felizmente, foi respeitada a vontade majoritária da Universidade; dos seus três segmentos, dos docentes, discentes e técnico-administrativos, que ansiavam pelo resgate da representatividade e da legitimidade dos seus dirigentes.
E todos sabemos da importância de a Universidade ser conduzida por lideranças democráticas, capazes de promover engajamento e cooperação, imprescindíveis à boa consecução das suas atividades-fim, Ensino, Pesquisa e Extensão.
Temos todas as razões para crer que a UFCG está, efetivamente, começando a vivenciar um tempo novo, de mais participação, diálogo, compromisso e entusiasmo. Uma Universidade com olhos no futuro, com os pés firmes no chão dos dias atuais, mas fortemente referenciada na história que a originou.
Entendo ser oportuno reafirmar, aqui, que esta não é uma Universidade que nasceu “ontem”. A UFCG resultou do desmembramento da UFPB em 2002, mas este não foi, seguramente, seu “marco zero”, sua origem, seu ponto de partida.
A UFCG já se gestava cinco décadas atrás, nos anos 50, com a Escola Politécnica – a saudosa POLI, a Faculdade de Ciências Econômicas – a FACE e a Faculdade de Medicina de Campina Grande.
A UFCG que viria em princípios do século XXI já pulsava nas veias de uma cidade vocacionada para a educação, o conhecimento e a cultura, valorizando a inventiva e a criatividade dos seus profissionais, com pioneirismo nas mais diversas áreas. Foi todo um conjunto de fatores que acabaram por confluir para a conquista da UFCG em 2002. Ela veio porque havia um campo fértil onde a semente foi plantada, germinou e deu bons frutos.
Para se ter uma ideia, Campina Grande passou a contar, em 1958 – pasmem – com uma das primeiras fundações de apoio à pesquisa do Brasil. A FUNDACT – Fundação de Apoio à Ciência e à Técnica, foi criada pelo então prefeito municipal Elpídio de Almeida, por sugestão e inspiração do seu Secretário de Obras, Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque.
Uma fundação municipal de apoio à pesquisa, no final da década de 50, em uma cidade nordestina do interior da Paraíba! A ideia só poderia ter partido mesmo deste visionário campinense, Lynaldo Cavalcanti, o grande responsável por iniciativas que desenvolveram e consolidaram o ensino superior e a ciência & tecnologia na cidade e no estado.
Outros importantes marcos de pioneirismo contribuíram para afirmar Campina como polo educacional, científico, tecnológico e de inovação, e que resultaram na UFCG. Destaco alguns: em 67, a criação da ATECEL, pioneira entre as instituições de apoio às universidades brasileiras; em 68, a instalação do computador IBM-1130 na Escola Politécnica, o primeiro da Paraíba e o primeiro numa escola superior do Norte-Nordeste; em 70, a instalação do Mestrado em Engenharia Elétrica, marco de pioneirismo regional na Pós-Graduação; em 84, a instalação do Parque Tecnológico da Paraíba, sediado em Campina Grande. Este, um dos cinco primeiros parques tecnológicos implantados no Brasil, resultado do lançamento, por Lynaldo Cavalcanti, então presidente do CNPq, do programa brasileiro de parques tecnológicos.
Esse ambiente motivou e despertou na cidade e entre suas lideranças, a ideia de que Campina Grande teria todas as condições de sediar sua própria Universidade Federal, a partir da estrutura do Campus II da UFPB. E que – juntamente com os campi do sertão da Paraíba – viria a somar-se a toda uma rede de instituições locais voltadas para a C&T e a formação de recursos humanos de alto nível.
A conquista da UFCG foi, em larga medida, resultado da última grande mobilização suprapartidária organizada em torno de uma reivindicação da cidade. Um movimento que sensibilizou o Governo Federal e seu Ministério da Educação – que aqui veio, avaliou e aprovou tecnicamente o pleito, num momento pouco favorável à criação de novas instituições, até mesmo por desmembramento, como foi o caso da UFCG.
Uma Universidade multicampi, constituída originalmente pelos campi de Campina Grande, Patos, Sousa e Cajazeiras, com suas ricas histórias locais, seu pessoal e sua infraestrutura. Uma UFCG que viria a ser ampliada com a criação dos novos campi de Cuité, Pombal e Sumé, e que obteve importantes avanços desde o desmembramento.
Registro esses fatos para lembrar que esta é uma Instituição de já longa trajetória, que dela deve se orgulhar e ter sua história como referência sempre presente, para continuar a evoluir e se destacar, dentre as universidades brasileiras, pela alta qualidade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão.
Por todo esse legado, pela memória dos pioneiros, é que, nesta ocasião, dizemos presente! à lembrança de personalidades como Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, Antonio da Silva Morais, Telmo Silva de Araújo, José Lopes de Andrade, Átila Almeida, Josemir Vasconcelos de Castro, Firmino Brasileiro, Stênio Lopes e tantos outros.
Que a história e a memória dos que construíram a nossa Instituição possam iluminar os caminhos e as ações dos novos dirigentes da Universidade Federal de Campina Grande.
Muito sucesso para a gestão dos professores Camilo e Fernanda!
Viva a UFCG!
Muito obrigado.
Fonte: Da Redação