SESI participa de comemoração dos 10 anos do Movimento pela Base
Publicado em 22 de setembro de 2023Evento em Vitória, no Espírito Santo, trouxe visibilidade às práticas da BNCC em escolas públicas e na Escola SESI de Referência Jardim da Penha
O Movimento pela Base, rede não governamental e apartidária, que se dedica a apoiar e monitorar a construção e a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Novo Ensino Médio completa 10 anos em 2023. Para celebrar o marco, o grupo realizou um evento, em Vitória (ES), com a participação de especialistas, educadores e do Serviço Social da Indústria (SESI).
Os participantes puderam vivenciar na prática, durante a quarta-feira (20), como as competências da BNCC são aplicadas nas salas de aula. Foram feitas visitas a quatro escolas da rede pública do estado e a Escola SESI de Referência Jardim da Penha. As instituições escolhidas são um exemplo de como o ambiente escolar pode inspirar o aluno a se tornar protagonista da sua história, com investigação, conexão, criação e reflexão.
Viver a BNCC por um dia
A Escola Estadual de Ensino Médio Mario Gurgel, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Clóvis Borges Miguel, o Centro Estadual de Ensino Médio em Tempo Integral Professora Maura Abaurre e a EEEFM Maria Penedo foram as instituições escolhidas para receber os participantes do evento.
A co-CEO e diretora de articulação do Movimento pela Base, Alice Ribeiro, explica que a escolha do Espírito Santo para sediar a comemoração de 10 anos da rede foi com o intuito de sair do eixo Rio-São Paulo e trazer outras experiências.
“A gente queria algo memorável com base em evidências. Sabemos que o Espírito Santo tem se destacado na realização e implementação de política públicas como a BNCC, além daqui ter uma Escola SESI de Referência”, pontua. “Vimos coisas inspiradoras, jovens protagonistas com projetos de vida montados e engajados na realidade das escolas.”
Já para Raph Gomes Alves, co-fundador do Centro de Práticas e Resultados Educacionais (CENPRE) e ex-superintendente pedagógico da rede estadual de Goiás, viver a BNCC por um dia foi uma oportunidade de perceber como as coisas acontecem do ponto de vista dos alunos, ouvi-los e ter novas ideias.
“Temos pouco tempo para parar de discutir e ver como os currículos estão acontecendo e chegando nos alunos. Ter essa materialidade e ouvir a escola pela visão dos estudantes foi importante, porque a consegue ver o ponto de atenção para melhorias”, acrescenta.
Jovens protagonistas: mais que uma posição de destaque
No Centro Educacional Ensino Médio de Tempo Integral Professora Maura Abaurre, os estudantes foram os protagonistas do encontro desde a recepção à explicação dos projetos. Eles prepararam apresentações artísticas de dança e coral e mostraram um pouco do dia a dia com experimentos em laboratórios, exposições fotográficas e o projeto de vida “Que lugares eu ocupo”.
Uma das estratégias para acolher os estudantes, que passam 9h30 na escola, é o projeto Jovens Protagonistas que a estudante do 3º ano Maria Eduarda Suellen, 18 anos, faz parte. No programa, alunos se inscrevem em editais para entender um pouco mais sobre a instituição e acolher os novatos no próximo ano.
Há também os clubes de protagonismo, sugeridos e comandados pelos próprios alunos, e as eletivas, que são propostas de aulas dos professores. Maria Eduarda fez parte do clube de vôlei e hoje faz dança.
“Se eu não tivesse essas práticas diversificadas, eu não sei se teria um desenvolvimento tão grande como tenho. Além de ser uma atividade diferente, uma aula de dança, arte ou vôlei, você vai estar enriquecendo e vai aprender coisas diferentes”, relata. “O Maura te proporciona muitas coisas diferentes, e a parte que mais gosto da escola é que posso escolher o que quero fazer.”
Primeira referência do Sudeste
Na rua Tupinambás, no bairro Jardim da Penha, está localizada a primeira Escola SESI de Referência da região Sudeste. Aqui, a dinâmica é diferente: quem troca de sala de aula são os alunos e não o professor. Cada ambiente é dividido por áreas: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.
Ana Clara Girondoli, 15 anos, começou a estudar no SESI ainda no ensino fundamental, quando tudo começou no antigo prédio ao lado da nova sede. Ela já fez parte do jornal da escola, equipes de robótica e simulações da Organização das Nações Unidas (ONU). O SESI proporcionou a ela o desenvolvimento de competências e habilidades, como a comunicação e o trabalho em equipe
Trocar de sala de aula no lugar do professor, para Ana Clara, faz a diferença não só pelas salas serem equipadas, mas para auxiliar no processo de aprendizagem.
“Quando a gente chega nas salas, é uma proposta que nunca imaginamos viver. Têm estudos que falam que quando a gente levanta e anda, a gente não fica com sono. Eu pelo menos não durmo mais em sala de aula”, brinca.
Durante a visita, Wisley Pereira, gerente executivo de educação do SESI, ressaltou o que a rede vem fazendo com intencionalidade para desenvolver a BNCC por completo: materiais didáticos, formação de professores, processos de avaliação e programas de desenvolvimento de habilidades socioemocionais.
“Nós estamos testando todas as tecnologias. Depois que tivermos o selo de que elas funcionam, vamos oferecer às escolas. Certamente não será pelas nossas unidades a transformação da educação das escolas públicas, mas o SESI será o grande farol para direcionar as políticas públicas e dizer quais tecnologias são importantes”, reforça.
Essa foi a primeira vez de Pilar Lacerda, consultora e ex-secretária nacional de Educação Básica do Ministério da Educação, em uma Escola SESI de Referência. Para ela, ver a BNCC na prática acontecer foi muito importante. Pilar pondera que a estrutura é difícil de ser replicada em outras instituições da rede pública pelo custo, mas o projeto pedagógico do SESI é inspirador.
“A forma de trabalhar com várias disciplinas no mesmo projeto é uma coisa fácil de formar professores pra entender esse processo. A mão na massa, ver eles fazendo um cartaz antirracista ou montar um lego é transformador. Eles saem do papel de assistente passivo e passam a ser um sujeito que produz conhecimento”, finaliza.
Fonte: Assessoria