Hugo Motta presidente da Câmara Federal cita “eu estou aqui” e repete gesto histórico de Ulysses Guimarães em defesa da democracia

Publicado em 2 de fevereiro de 2025

O paraibano Hugo Motta (Republicanos/PB), novo presidente da Câmara dos Deputados, citou o filme brasileiro “Ainda Estou Aqui”, baseado na história do ex-deputado federal Rubens Paiva (PTB-SP), durante a ditadura militar. “Temos que estar sempre do lado do Brasil, em harmonia com os demais poderes”, disse.

E concluiu: “Encerro com uma mensagem de otimismo: ainda estamos aqui”.

Hugo Motta foi eleito em primeiro turno, neste sábado, com 444 votos, segunda maior votação de um presidente das Câmara na história, e comandará a Casa pelos próximos dois anos. Motta assume no lugar de Arthur Lira (PP-AL), que presidiu a Câmara nos últimos quatro anos, e de quem teve apoio.

Hugo Motta (Republicanos-PB) usou seu discurso após ser eleito presidente da Câmara dos Deputados para defender o fim da polarização política no Brasil, a importância da manutenção da democracia e de um parlamento forte. “Não existe um caminho da direita, da esquerda ou do centro, existe apenas o caminho do Brasil. Faço um apelo aos meus colegas, ‘vamos deixar o Brasil passar'”, disse o deputado.

“Podemos pensar diferentes, mas somos todos iguais. Somos brasileiros e brasileiros. Somos o povo brasileiro e o Brasil é o nosso único País”, iniciou o recém-eleito presidente.

“Eu tenho três objetivos: ‘Servir ao Brasil, servir ao Brasil, servir ao Brasil’. O povo brasileiro não quer discórdia, quer emprego. Não temos tempo para errar, chega de zero a zero, o povo brasileiro quer resultado, quer emprego, quer melhorar de vida, quer um futuro melhor, um Brasil melhor”, afirmou.

“Não se pode mais discutir o óbvio. Nada pior para os mais pobres do que a inflação e a instabilidade na economia […] Defenderemos a democracia porque defenderemos também as melhores práticas e políticas econômicas. Defender estabilidade econômica é defender a estabilidade social”, seguiu.

Em outro trecho, o parlamentar discursou sobre a importância da democracia. “A democracia não tem dono, somos todos donos da democracia. Se ela tem um dono, ela não é de ninguém. Estaremos sempre pela democracia […] Não existe ditadura com parlamento forte. O primeiro sinal de todas as ditaduras é minar e solapar todos os parlamentos. Por isso, temos de lutar pela democracia. E não há democracia sem imprensa livre e independente. Quero aqui agradecer e parabenizar a todos os jornalistas presentes nesse sábado”, pontuou.

Motta também enalteceu em diversos momentos a democracia e o legado de Ulysses Guimarães. “Viva a democracia”, disse ao segurar um exemplar da Constituição e imitar o gesto histórico feito por Guimarães ao promulgar a Carta, em 1988.

VOTAÇÃO

Hugo Motta recebeu 444 votos. Essa é a segunda maior votação de um presidente da Câmara na história. Ele só ficou atrás justamente de Lira, que há dois anos conseguiu a reeleição por 464 votos. O parlamentar venceu os candidatos Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ).

O nome de Motta para a sucessão de Lira não era apontado até o fim de agosto do ano passado, quando o Centrão e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articularam para colocá-lo como sucessor ao comando da Casa, o que foi aceito pelo alagoano.

Além de fazer parte do grupo de lideranças do Centrão que orbita em torno de Lira, Motta é apontado como um parlamentar capaz de unir os dois grandes blocos da Casa. O paraibano integra a aliança que reúne Republicanos, MDB, PSD e Podemos, mas tem trânsito com o PP e o União Brasil.

Fonte: Da Redação