Criminosa triangulação no Conde pode levar terceiro vereador mais votado a perder seu mandato

Publicado em 18 de abril de 2023

Uma criminosa triangulação, supostamente urdida pelo terceiro mais votado vereador do Conde (Daniel Júnior – 516 votos), no Litoral Sul paraibano, acaba de ser descoberta no Município e os seus catastróficos efeitos inevitavelmente colocam a prefeitura também em maus lençois.

Evangélico, defensor em público da família, dos bons costumes e da honestidade, o jovem  Daniel, que na anterior legislatura era o mais novo dentre os edis da Câmara Municipal condense, costuma se amparar na religião e na crença em Deus para auto-classificar o seu mandato como digno e exemplar, o que agora começa a cair por terra com as denúncias já levadas para investigação do Ministério Público, do GAECO e da Justiça Eleitoral.

Evangélico, Daniel nas horas vagas é cantor gospel

Reeleito para a ‘Casa Comendador Cícero Leite’ pelo Cidadania com apoio do candidato a  prefeito Olavo Macarrão, terceiro mais votado no último pleito, Daniel logo mudou para o PR e nessa condição ainda nos dias iniciais da nova legislatura foi o primeiro oposicionista a aderir, de mala e cuia, ao Governo Karla Pimentel.

– “Uma coisa peço ao Senhor: me permita continuar a ser seu servo e que me fortaleça na missão de servir ao povo, de lhes representar com coragem e valentia sem perder a essência de servo de Deus”, assim justificou a decisão em postagens que publicou nas redes sociais.

Daniel e Márcia Lucena quase ‘amigos de infância’

Convém recordar que Daniel, sedento por cargos com os quais alimenta a sua base eleitoral, não sabe mesmo viver sem que seja às custas da máquina públiica municipal, tanto é verdade que na desastrada gestão de Márcia Lucena ele também foi por ela muito bem servido e aparecia em fotos e solenidades ao lado da gestora como se amigos de infância fossem.

Chamado por amigos e eleitores de “irmão Daniel” o vereador logo mostrou ao Conde a volúpia pelo Poder. Hoje, segundo estimativa dos próprios colegas na Câmara que o denunciaram, somente na Secretaria da Educação ele teria indicado 58 correligionários, todos lá trabalhando a seu serviço.

Não é à toa que a triangulação “inteligente” de Daniel Júnior denunciada às autoridades investigativas, esteja centrada exatamente na Pasta da Educação.

Daniel aparece na trama apenas no campo das suposições, urdindo tudo supostamente – e com invulgar competência – nos bastidores. Mas, como tudo o que é feito às pressas, o crime acabou deixando largos rastros, onde as digitais do prestigiado vereador acabam aparecendo sem necessidade de lupa.

O “operador” do imbróglio vem a ser Valmir Pereira da Silva, que é Chefe de Gabinete de Daniel na Câmara Municipal, onde percebe salário mensal de R$ 4.500,00.

Valmir é casado com a agricultora Adeilda de Souza Silva (é assim que ela aparece nos registros da Secretaria da Educação) e nessa Pasta exerce o cargo comissionado de diretora da Escola Municipal Pedro Gondim, onde até dois meses atrás percebia remuneração de R$ 3.500,00, mas que agora foi reajustada para R$ 4.500,00 mensais.

Até aí nada a incriminar. Consta que tanto Valmir, como Chefe de Gabinete no Legislativo, quanto a sua digníssima consorte gerindo uma escola pública, dão expediente e fazem jus às suas gordas remunerações.

O xis da questão está, entretanto, no que veio a ser “trabalhado” com sucesso às escondidas por Valmir, já contando no caso com a colaboração imprescindível da senhora Kaline Gonzaga Barbosa, que vem a ser a ilustre secretária da Educação, Esportes e Turismo do Conde.

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Secretária pede autorização para alugar casa de Valmir

Em ofício encaminhado à prefeita Karla no dia 07 de fevereiro passado, Kaline solicita formalmente que a prefeita autorize a secretaria a alugar um imóvel ao lado da Escola Pedro Gondim  (aquela em que a diretora é a mulher de Valmir) para que funcione um anexo do estabelecimento “a fim de viabilizar as demandas do alunado do Conde”.

– “Esse anexo atenderá o segmento da Educação Infantil e quatro turmas do 1º ano, sendo duas no turno da manhã e duas no turno da tarde, em virtude da E.M.E.F Governador Pedro Gondim e seu anexo não terem espaço suficiente parta atender a toda a demanda”, justifica a secretária da Educação.

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A “carta aceite” indicando valor do aluguel

O curioso é que o dono do prédio que a prefeitura tenciona alugar é Valmir Pereira da Silva, o Chefe de Gabinete do Vereador Daniel Júnior, que ganha R$ 4.500,00 por mês, e adquiriu o tal imóvel recentemente (dia 27 de dezembro de 2022) pela bagatela de R$ 300,000,00 (trezentos mil reais) à vista, conforme documento escriturado em Cartório Público de João Pessoa.

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A renda de Valmir, nos registros do SAGRES do TCE

Outro documento interessante acostado na denúncia dos colegas de Daniel é a manifestação formal de Valmir – o Chefe de Gabinete de Daniel – aceitando alugar o seu prédio da rua Manoel Alves, 37, Loteamento Jardim Recreio, Lote 4, Quadra I, ao Município, pelo valor mensal de R$ 8.000,00 (Oito Mil Reais).

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Valmir, o homem que pagou R$ 300 mil cash pela casa no Conde

Como a preciosa operação ainda não foi formalizada, é de se acreditar que a prefeita Karla Pimentel, cuja gestão nos últimos meses tem apresentado saltos de qualidade, venha a abortar o escândalo, antes que Ministério Público, GAECO e Justiça Eleitoral o façam.

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A renda da mulher de Valmir, nos registros do SAGRES do TCE

Quanto ao Vereador Daniel Júnior, o castigo deve ser dado pela própria Câmara Municipal, de onde saiu a denúncia, instaurando-se procedimento na Comissão de Ética e Decoro, que tem poderes inclusive para pedir a cassação do seu mandato.

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Documento de COMPRA E VENDA da casa de Valmir

Fonte: Da Redação