Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

As quatro letras mágicas 

Publicado em 13 de junho de 2022

O casamento fora às pressas, sem que a etapa de noivado se consumasse, no intuito de se livrar da vizinha, com quem tivera um caso e que o acusava de um defloramento cometido por outro vizinho. Naqueles anos ainda de chumbo, ela queria, à força do embuste, aliançar o dedo quase comprometido do rapaz.

Jorge, que já pensava pedir a mão da moça, oficializou a união em um mês, ficando na casa paterna enquanto organizava o novo lar. Com o tempo foi montando a casa e livrando-se da acusação leviana, vivendo feliz na nova vida, ao lado da mulher que amava.

Nasceu a primeira filha, depois veio a segunda, encerrando a produção e nem a ausência de um herdeiro homem turvou-lhe a felicidade. “Tudo permitido por Deus”, dizia, conformado com a situação da mulher não poder mais engravidar.

Na casa simples do bairro, mantinha o seu comércio, com a colaboração decisiva da companheira, que o ajudava em tudo. O companheirismo e a cumplicidade permitiram-lhes o crescimento comercial.

O destino, no entanto, foi traiçoeiro com Jorge. Antes de festejar Bodas de Prata, a viuvez o surpreendeu com as filhas ainda solteiras. Sozinho, cuidou das moças, até quando elas encontraram a felicidade de uma vida a dois, sempre na colaboração laboral do comércio familiar.

Por muitos anos Jorge foi nosso parceiro comercial; ele, nosso cliente, nós, consumidores de seus produtos. Por isso mesmo, toda semana ele vinha em nossa hoje desativada loja e conversava bastante comigo e com Margarida.

Naquela manhã, ele demorou como sempre, tomou o café comigo na cantina improvisada, enquanto minha companheira ficara no caixa. Na saída, justificando a necessidade de chegar em casa, desejou bom dia de novo a Margarida, que não perdeu a oportunidade aberta à pergunta indiscreta.

– Tanto tempo de viuvez, Jorge, e nunca quiseste casar?

– Não! E nem quero. Nenhuma mulher vai fazer para mim o que ela fazia, justificou.

Fiquei encantado com a resposta do amigo e por muito tempo a meditei, concluindo que ele vive, na angústia de sua viuvez, a eternidade de um amor.

Na semana do Dia dos Namorados, recebo, via WhatsApp, a mensagem despretensiosa de que se tirar AMOR da palavra namorada fica NADA. Logo me lembrei de Jorge, que nem na ausência infinita de eterna namorada suprimiu as quatro letras mágicas.

SEM ISOLAMENTO 

Lendo artigo semanal de Dom Manoel Delson, arcebispo de João Pessoa e que já pastoreou o rebanho católico do Compartimento da Borborema, uma frase me tocou profundamente, pelo momento que venho passando: Ele (Deus) não nos deixa isolados na orfandade. Sou testemunho dessa verdade, na minha orfandade filial com a páscoa de Glauber.

CUIDADO FILIAL 

Dias após ficar sem o convívio desse filho amado, a prima paulista Jussara tomou a iniciativa de se aproximar de mim. Desde então, mesmo à distância, ela vem cuidando de mim como se minha filha fosse. Sim, tenho idade de ser seu pai, assim como sua mãe, minha tia querida, parece ser minha irmã. Ela tem me confortado muito.

SEM CONFIANÇA

Após tomar seis gols em dois jogos seguidos de times de Belém e Manaus, o Campinense pegou o Ita do Norte rumo à Série D. Com mais uma derrota, a equipe entrou na Zona de Rebaixamento, 18ª posição, e apenas 30% de aproveitamento. Joga sábado em Aracaju, contra o Confiança, sem a confiança do torcedor.